Montar o próprio negócio e gerenciar uma empresa não é uma tarefa fácil, principalmente quando nos referimos ao empreendedorismo feminino

O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais força e apoio com o passar dos anos, mas, apesar de acompanharmos um movimento positivo por parte da sociedade em relação à equidade de gênero, o machismo estrutural presente no ambiente corporativo ainda faz diferenciação salarial, hierárquica e qualitativa entre o homem e a mulher. 

Aqui na iCertus, ir contra essa maré mercadológica e misógina é mais que um objetivo, é uma obrigação. Hoje, 60% das mulheres que trabalham conosco ocupam cargos gerenciais e estão presentes em 90% das áreas da empresa.

O Dia Internacional das Mulheres é celebrado, anualmente, no dia 8 de março.  A ideia de uma comemoração anual surgiu após o Partido Socialista da América organizar o Dia das Mulheres, em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York — uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino.

Por isso, como forma de homenagear este marco histórico e dar destaque ao empreendedorismo feminino, resolvemos contar a história da Juliana Guimarães, nossa cliente desde 2015 e que enfrenta de perto os desafios e desigualdades presentes na vida de mulheres que decidem empreender.

Juliana tem 37 anos, é empresária e fundadora da Juliana Guimarães Acessórios, natural de Curitiba – PR. Sua vontade em empreender é um caso antigo, desde que sonhava em ter o próprio negócio aos sete, quando  pintava as peças em porcelana que sua mãe tinha em casa e as vendia para família e amigos. 

“Amo minha empresa, afinal de contas, ela foi construída exatamente como eu imaginei. Parece estranho, mas o que eu mais gosto de fazer é trabalhar. Porque quando você trabalha com o que ama, o trabalho se torna um prazer. Principalmente quando vejo o resultado positivo do trabalho”- afirma.

Empreendedorismo feminino e os desafios da mulher no dia a dia

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Segundo o relatório disponibilizado pela Global Entrepreneurship Monitor, atualmente cerca de 30 milhões de mulheres empreendem no Brasil, correspondendo a quase 49% do mercado empreendedor.

Mas, apesar de ser um número expressivo, existem diversos obstáculos a serem enfrentados para que as oportunidades para homens e mulheres sejam equivalentes. Um exemplo disso é que as mulheres representam 52% da população, porém, ocupam uma posição de destaque em apenas 13% das 500 maiores empresas brasileiras.

“Trabalhei muito tempo com importações e exportações. Em 2010,  eu trabalhava em uma Trading Company importando vidros dos Emirados Árabes. Essa empresa faliu e eu tive sorte de sair de lá com uma boa rescisão. Então resolvi colocar em prática o sonho da minha vida: abrir minha própria empresa.

Minha primeira empresa foi a Azure Trading Importação e Exportação. Eu auxiliava indústrias nos processos de importação, mas  eu queria algo a mais. Por isso comecei a importar algo que eu pudesse vender e ganhar dinheiro, então decidi ir para o ramo de bijuterias.” – completa Juliana.

A falta de crédito e espaço para mulheres empreendedoras

Mulheres empreendedoras costumam ter uma dupla ou até tripla jornada. Entre os cuidados com o negócio, família e casa, viabilizar o acesso ao crédito provando a credibilidade da empresa é uma tarefa ainda mais complicada para aquelas que gerenciam o próprio negócio.

Um estudo realizado pela CNN divulgou que 42% das empreendedoras brasileiras que solicitaram crédito em 2021 tiveram seus pedidos negados.

“Em 2013 eu precisava de mais dinheiro para investir, então eu “ voltei 3 casas” no tabuleiro da vida e pedi emprego em uma indústria de vidros a qual eu já tinha prestado serviços de assessoria em importação no passado. 

Com o dinheiro que eu ganhava nessa empresa e com a vendas das semi jóias eu conseguia ter capital suficiente para investir mais nas minhas importações de jóias – comenta.

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Mulheres no topo

Mesmo diante de tantos avanços, mulheres ocupando cargos de liderança ainda é um tabu social. Em um levantamento realizado pela CNN foi constatado que de cada 100 ações negociadas, apenas 6 dessas companhias têm três ou mais mulheres em cargos de diretoria estatutária.

“Nós mulheres estamos nos destacando muito em cargos de liderança, porém o mundo ainda é machista. No meu ramo de atividade ainda é um pouco mais normal por se tratar de um produto voltado ao público feminino, porém eu acredito que toda mulher em cargo de liderança causa um impacto tanto em homens quanto em mulheres. Pois é normal vermos homens líderes. Eles não são questionados sobre como chegaram até lá, pois geralmente é algo natural vê-los nessas posições. Porém uma mulher líder, causa questionamentos, e são esses questionamentos que não deveriam existir, uma vez que a mulher tem competência e inteligência para estar em cargos de liderança “ – afirma.

A construção de um império

Juliana é uma dentre tantas empreendedoras que arriscam tudo para viabilizar um sonho. No meio desse caminho, infelizmente muitos negócios acabam se perdendo por falta de oportunidade, credibilidade e até mesmo falta de crédito.

Romantizar o lugar da mulher no meio corporativo é um hábito comum no ramo, porém, é preciso agir para que as oportunidades sejam equivalentes para ambos os gêneros, sem que haja diferenciação entre competência.

A Juliana Guimarães Acessórios é um exemplo de empreendedorismo feminino consolidado, ativo há quase 10 anos e com crescimento contínuo com o passar do tempo. Hoje, Juliana trabalha na distribuição e venda de seus produtos através do e-commerce da marca, loja física e conta com revendedores por todo o Brasil. 

Desde muito jovem a empreendedora curitibana sonhava em construir o próprio império, e, através da sua dedicação, especialização, competência e oportunidades, conquistou tudo aquilo que para muitas mulheres, acaba sendo um sonho distante ou até frustração.

“Nós mulheres precisamos fazer um esforço muito maior para provar nossa competência, já os homens, indiscutivelmente já tem o status de “competência”. Seria hipocrisia dizer que não, uma vez que eu mesma já sofri esse tipo de rejeição por ser mulher, a menos que realmente provem o contrário. 

É como em uma pirâmide. Os homens já nascem no topo da pirâmide. E as mulheres têm uma longa escalada até lá, passando por discriminações até provarem o seu valor. 

É uma tarefa difícil, mas que com certeza estamos conseguindo vencer e mostrar ao mundo como temos tantas ou mais habilidades e competências no mercado de trabalho. Mas a partir do momento que conseguimos estes cargos de lideranças, realmente fazemos a diferença” – completa Juliana.

Como apoiar o empreendedorismo feminino e a equidade de gênero

Apoiar o empoderamento feminino e a equiparidade de gênero é uma luta de todos nós, por isso, neste ano, abandone as frases clichês ou os brindes padrões e repense sobre o ecossistema da sua empresa: o que você tem feito para apoiar mulheres no mercado de trabalho? Como você pode auxiliar a construir um ambiente mais colaborativo, fortalecendo o empreendedorismo feminino?

“A diferença entre gêneros no mercado de trabalho e na sociedade já são culturais. Temos que mudar todo o pensamento de uma cultura de milhares de anos que está no DNA do ser humano. Um exemplo disso é em uma mesa de negociação.  A primeira impressão é a de que não seremos capazes de negociar ou liderar. Por isso, depende de nós mostrarmos nossos interesses, valores e competências em uma mesa de negociação. Pois somos capazes de liderar e negociar com inteligência e capacidade, independente de serem homens ou mulheres. Acredito que nós mulheres temos uma sensibilidade e intuição que nos permitem ter um olhar mais detalhado sobre o que está em pauta e fazer a diferença se soubermos realmente utilizar nossos diferenciais como uma ferramenta para o sucesso” – finaliza.

Como hobbie, Juliana gosta de praticar exercícios, viajar e bater papo com os amigos acompanhada de um bom vinho. Celebremos esse momento histórico de lutas, conquistas e mudanças.

Até breve!

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